sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Reservatórios podem lidar melhor com crise agora, diz Sabesp

Sistema Cantareira em nível crítico de armazenamento de água
O diretor econômico-financeiro e de relações com investidores da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Rui Affonso, afirmou nesta sexta-feira, 13, que os reservatórios de água que atendem a região metropolitana de São Paulo estão hoje numa posição "muito melhor" que no ano passado.

"O equilíbrio entre a oferta e a demanda de água, o aumento na segurança hídrica, as maiores chuvas durante a estação seca e o início do período de chuvas são todos fatores positivos e convergentes", disse Affonso, durante teleconferência com analistas e investidores.

O executivo destacou que durante os meses secos (período entre abril e setembro) de 2015, os reservatórios apresentaram, em média, uma afluência 12% maior em relação ao mesmo período de 2014, enquanto a retirada de água foi 20% menor.

"O resultado desses dois fatores é que ainda retiramos mais água do que o que está entrando, mas reduzimos esse déficit, que em 2014 era de 23,3 metros cúbicos por segundo (m3/s) e agora é de 4,8 m3/s", disse Affonso.

"Esse comportamento foi possível em função das medidas adotadas pela Sabesp para adequar a oferta e a demanda e pelo volume de chuvas 33% superior neste ano, em relação ao verificado no ano passado", disse.

Em relação à outubro de 2015, o executivo afirmou que a afluência cresceu 105% ante o mesmo mês de 2014, enquanto a retirada de água recuou 11%. "A melhora segue em linha com o observado até o fim de setembro".

Ligação

Também durante teleconferência com analistas e investidores, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, afirmou que a obra de ligação entre a Represa Billings e o Sistema Alto Tietê, por meio do braço Taiaçupeba da Represa Billings, está bombeando atualmente dois metros cúbicos de água por segundo.

"Essa ligação foi projetada para quatro metros cúbicos por segundo e estará em plena potência ao final do mês", disse Kelman.

Em 5 de novembro, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), culpou o excesso de chuva por não cumprir a promessa de entregar quatro metros cúbicos de água por segundo na transposição da Represa Billings para o Sistema Alto Tietê, também afirmando que a obra estaria em pleno funcionamento até o fim do mês.

"Atrasou um pouco em razão das chuvas. Aliás, é ótimo. Quanto mais chover melhor, mas é evidente que chovendo dificulta as obras que precisam ser feitas", disse Alckmin na ocasião.

"Se chover atrasa um pouco, porque não dá para trabalhar com chuva. Mas a boa notícia é que todos os reservatórios estão subindo", comentou.

Ao todo, o Estado investiu R$ 130 milhões no projeto que, se produzir toda a água para o qual foi projetado, atenderia até 300 mil pessoas que sentem os efeitos da redução de pressão na zona leste da capital e na Grande São Paulo.

Bônus e sobretaxa

Jerson Kelman afirmou também que ainda não há nenhuma definição em relação às alterações na política de bônus e cobrança de sobretaxa.

Questionado sobre uma eventual data limite para que a companhia chegue a uma decisão sobre a continuidade ou eventuais mudanças nessa política, o executivo limitou-se a responder que "a companhia não comenta assuntos relacionados ao trigger de bônus e tarifa de contingência".

Ainda na mesma teleconferência, Rui Affonso, informou que a empresa não trabalha com a expectativa de obtenção de resultados significativos com a venda de terrenos ainda neste ano.

"O mercado imobiliário está parado atualmente", disse Affonso. "Precisamos que a situação clareie mais."

A venda de imóveis e terrenos é uma das estratégias da Sabesp para arrecadar dinheiro em meio à crise hídrica.

Outras medidas incluem renegociações com devedores públicos e privados e o encaminhamento de uma lista de 22 municípios devedores ao Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades Estaduais (Cadin).

El Niño

Durante teleconferência em inglês com analistas e investidores para discutir os resultados da Sabesp no terceiro trimestre, o superintendente de Captação de Recursos e Relações com Investidores da Sabesp, Mário de Arruda Sampaio, afirmou que não é possível determinar qual será o impacto que o fenômeno meteorológico El Niño trará aos reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo ao longo da temporada de chuvas.

"O El Niño costuma ter um impacto muito claro nas regiões Norte e Sul do Brasil, mas, na região Sudeste, o padrão é muito errático", disse Sampaio.

Segundo o executivo, é difícil tentar determinar um padrão de comportamento do clima nos anos de El Niño, não sendo possível concluir se o fenômeno aumenta ou diminui a ocorrência de chuvas no Sudeste.

"É uma região muito errática para determinar padrões de chuva", afirmou. "Infelizmente, é incerto."

Fonte:Exame/Abril

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