quarta-feira, 30 de março de 2016

Sérvia devolve a judeus bens de vítimas do Holocausto

Primeiro ministro da Sérvia, Aleksandar Vucic, olhando fotografias de vítimas do holocausto no país
Em 1945, Aleksandar Lebl, um sobrevivente do Holocausto retornou à Sérvia e recuperou a casa da família. Foi um dos poucos.

A maioria das propriedades dos judeus dizimados na Segunda Guerra Mundial ficaram sem herdeiros, um problema que deve ser resolvido por meio de uma lei.

Mais de 70 anos depois de ter sido declarada "livre de judeus", a Sérvia aprovou uma lei em fevereiro para restituir à pequena comunidade judaica essas propriedades sem herdeiros.

É um dos primeiros países do leste europeu a adotar tal medida.

Mais de 80% dos 33.000 judeus que viviam na Sérvia antes da Segunda Guerra Mundial foram exterminados até a primavera de 1942 e seus bens confiscados pelos nazistas ou pelo governo fantoche de Belgrado.

"Depois da guerra, as autoridades decidiram devolver as propriedades, mas com tantas vítimas não havia ninguém para recuperá-las", declarou à AFP Lebl, de 93 anos.

Hoje, os judeus residentes na Sérvia, um país de cerca de 7,1 milhões de pessoas, não chegam a 1.000.

A lei aprovada visa fazer justiça aos judeus que sobreviveram e resolver o problema da falta de herdeiros.

Milhares de propriedades, principalmente imobiliárias, serão entregues à Associação de comunidades judaicas no país, que planeja alugá-las em sua maioria.

"Nós identificamos 3.000 imóveis confiscados pelos alemães durante a guerra", indicou o presidente da Associação, Ruben Fuks.

Este não é um número final. É muito provável que aumente, sobretudo na província de Voivodina, onde viviam quase a metade dos judeus da Sérvia antes da guerra, acrescentou.

"A Sérvia tem uma obrigação moral com os judeus que dedicaram suas vidas e trabalho a este país", afirmou recentemente o ministro da Justiça, Nikola Selakovic.

Os judeus apoiaram a luta dos sérvios por sua independência no século XIX e lutaram junto a eles na Primeira Guerra Mundial.

Em 2009, 46 países assinaram a chamada declaração de Terezin, comprometendo-se a restituir os bens aos judeus.

Fonte: Exame

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