segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Natal deve ser insuficiente para alavancar o comércio.

Larissa Garcia
Folha de São Paulo

Além das incertezas em relação à economia e à crise do coronavírus, consumidores terão menos dinheiro em mãos 

O Natal deste ano pode ter desempenho insuficiente para
alavancar a retomada do comércio ao longo de 2021.
Apesar de ser a principal data para o setor, incertezas em relação à
pandemia e sobre como a economia deve reagir ainda devem impactar
as vendas de fim de ano, afirmam especialistas.
 

Além disso, trabalhadores que tiveram o contrato suspenso pela
empresa —ação autorizada pelo governo devido ao estado de
calamidade pública em função do coronavírus— também receberão um
valor menor de 130 neste ano, tendo menos dinheiro em mãos para
consumir.

Segundo estimativa do economista do Insper Alexandre Chaia, feita a
pedido da Folha, o montante que deixará de ser injetado na economia
com o corte ficará em torno de R$ 15 bilhões.
Além disso, R$ 47,9 bilhões em benefícios natalinos de aposentados e
pensionistas no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) foram
antecipados, segundo o Ministério da Economia.
Para fazer frente às dificuldades impostas pela crise, o governo
autorizou que 0 130 benefício deste o grupo fosse pago nos meses de
abril e maio. Normalmente, eles recebem a primeira parcela entre
agosto e setembro e a segunda em dezembro.
 

Deste total, cerca de R$ 24 bilhões de aposentados e pensionistas não
serão pagos em dezembro (segunda parcela). Somados, Sáo quase R$
40 bilhões a menos nas mãos dos brasileiros neste fim de ano.
Com menos recursos para gastar em dezembro e a confiança abalada, o
consumidor deve comprar menos presentes de Natal.
"Essa redução deve afetar ainda mais as vendas, mas acredito que as
famílias também estarão receosas com relação à evolução da
pandemia, a quando a vida volta ao normal e à economia e ficarão
receosas na hora de consumir", diz Chaia.
 

O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconómicos) estimou que R$ 215 bilhões podem ser injetados na
economia com o pagamento do 130, valor um pouco superior ao
projetado em 2019. O cálculo, entretanto, não leva em conta as
suspensões de contrato ou o adiantamento.

Ao descontar o valor da segunda parcela já paga aos aposentados e pensionistas e a estimativa de corte no benefício dos trabalhadores, o valor cai para R$ 175 bilhóes, redução de 18,6%.
"Temos ainda outros elementos que pioram a percepção do
consumidor, como o fim do auxílio emergencial e de medidas do
governo para atenuar a crise. Além disso, o desemprego também está crescendo e a renda diminuiu", diz o economista.
 

A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo) diz, em nota, que a expectativa da entidade quanto aos
recursos disponibilizados por meio do pagamento do 130 é de R$ 211 bilhóes em 2020.
 

A Fecomercio SP estima que as vendas de Natal deste ano devam
superar em 1% as do ano passado no estado de Sáo Paulo.
A pesquisa da entidade ainda não foi divulgada, mas os dados foram
obtidos pela reportagem com exclusividade.
 

A entidade calcula que apenas com recursos do 130 salário, o comércio da região receberá R$ 5 bilhões a menos em dezembro, além do efeito negativo de R$ 2 bilhões com a redução do auxílio emergencial, que passou de R$ 600 para R$ 300.

Acesse a notícia original AQUI


 

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