quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Representantes do setor produtivo criticam decreto que limita horário do comércio.

Cibele Moreira
Correio Braziliense 

Decreto publicado em edição extra do Diário Oficial do DF estabelece que bares e restaurantes devem encerrar o funcionamento às 23h. Medida visa evitar propagação do novo coronavírus.

O decreto distrital que determina a donos de bares e restaurantes encerrar o funcionamento dos estabelecimentos às 23h, rendeu críticas entre representantes de entidades empresariais e sindicatos de vários segmentos. A norma, publicada em edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta terça-feira (1º/12), restringiu o funcionamento devido ao aumento dos casos de covid-19.

Para o presidente do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, o setor não é o principal foco de contaminação da covid-19. "Fica parecendo que os bares e restaurantes são os responsáveis pela contaminação. Mas existem outros locais muito mais propícios para contaminação, como as áreas de lazer à beira do lago (Paranoá), onde sempre há aglomeração sem controle nenhum", critica.

Jael Antônio da Silva afirma que há um protocolo de segurança contra o novo coronavírus rigorosamente seguido pelos estabelecimentos da capital federal. "Tem um ou outro que não está cumprindo as normas. Esses que precisam ser punidos, não o setor inteiro", avalia o empresário, que articula um pedido para anulação do decreto.

Medidas

A preocupação de representantes do setor é que o mês de dezembro, marcado por confraternizações e pela alta do faturamento, sofra impactos diretos pelo decreto. O comunicado aos empresários do setor produtivo ocorreu durante uma reunião com o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, na tarde desta terça-feira (1º/12).

Durante o encontro, que ocorreu por videoconferência, o presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Jamal Bittar, saiu em defesa de bares e restaurantes. Para ele, esse é um dos segmentos que mais emprega em Brasília. "Acredito que esse setor é o maior democratizador de emprego e renda, principalmente porque emprega pessoas que precisam de uma oportunidade. A cada pico dessa doença o setor de bares é atingido de forma injusta", pondera Jamal. "Lastimo que todas as vezes ele seja o primeiro penalizado", completa.

Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-DF), José Carlos Magalhães também criticou a medida: "Vejo que o segmento de bares e restaurantes está sendo culpado em praticamente tudo. Nós temos ônibus andando lotado pelas regiões administrativas. Existem outras medidas que precisam ser tomadas", defendeu o dirigente. 

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF), Edson de Castro, é preciso fiscalizar outros pontos que promovem aglomeração. "Nas orlas do lago (Paranoá) e nas feiras, áreas liberadas pelo governo e que estão lotadas. Não é justo colocar a culpa no comércio. Hoje, você não entra no shopping sem estar de máscara, passar álcool em gel (nas mãos) ou aferir a temperatura", argumenta Edson.

Festas

No encontro virtual com a Secretaria de Saúde, os representantes dos segmentos comprometeram-se a reforçar os protocolos de segurança e ajudar a promover campanhas de conscientização de prevenção ao novo coronavírus. "A questão não são os estabelecimentos, mas as pessoas, que não estão seguindo as normas impostas para evitar a propagação da covid-19", analisa Edson de Castro.

Francisco Maia, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), considera que a fiscalização ficou de lado e que as pessoas perderam o medo da doença, por isso, foram para as ruas. "O que queremos é um esforço conjunto, um pacto para resolver a situação. Não apenas colocar na conta do comércio ou do segmento de bares e restaurantes. Infelizmente, ocorrem festas irregulares em pontos clandestinos que pioram o quadro no DF. Mas o setor não pode ser penalizado", defende.

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