quarta-feira, 24 de junho de 2020

Demissão em massa de professores da Uninove acontece por meio de poup-up e instituição culpa pandemia

Professores da Uninove (Universidade Nove de Julho) receberam uma mensagem automática de desligamento na última segunda-feira 22 de junho ao tentar acessar a plataforma de ensino. A mensagem dizia que eles haviam sido desligados do quadro de funcionários e que eles teriam que comparecer à unidade Vergueiro para devolver quaisquer materiais de trabalho, seguido de uma ameaça de ter os valores destes itens descontados de possíveis verbas rescisórias.



Foto: Reprodução de Rede Social

O produtor deste blog, Jackson Campos, entrevistou André Cavalcanti, que é professor e está entre os funcionários dispensados por mensagem. Leia abaixo a entrevista.

Jackson Campos: Quando e por que você decidiu se tornar professor?

André Cavalcanti: Eu leciono há 10 anos, tive o início da minha carreira no Centro Paula Souza, dando aulas na Etec e eu comecei a ter contato com isso na faculdade e comecei a sentir este ‘chamado’ lá e em 2010 eu tive essa oportunidade e o que eu fiz foi justamente estudar e me especializar, já que é uma profissão que eu pretendo levar a diante.



JC: Quais os desafios você encontrou para conciliar a atuação na área de comércio exterior durante o dia com ensinar à noite?

AC: Esse foi um desafio que eu tive desde o início de carreira, porque quando eu comecei a lecionar eu já atuava na área. Em 2010 eu já estava numa multinacional alemã da área automotiva com planejamento e importação e comecei lecionando um, dois dias à noite, de uma maneira temporária e isso se tonou depois um contrato, depois eu consegui passar no concurso do estado e sempre lidei com isso. Eu sempre tive uma média de duas aulas por semana, três aulas por semana no período noturno. No começo foi bem desafiados conciliar, foi cansativo, mas aos poucos você vai aprendendo os gatilhos, aprendendo como preparar as aulas, lidar com as outras atividades e isso ajuda a se adaptar bastante.


JC: Quantas aulas por mês você ministrava e em quantas instituições diferentes?

AC: Neste semestre eu estava com 32 e depois com o início da pandemia eu acabei adicionando outra noite com 3 aulas e fiquei com 39 mensais.


JC: Como a Uninove se preparou para manter o ensino dos alunos durante a pandemia do novo corona vírus, para os alunos e funcionários?

AC: Me recordo com a Uninove teve um break de duas semanas onde não houve aulas, os professores ficaram um período sem nenhuma atividade aguardando instruções, porém quando vieram eu achei que estava surpreendentemente boa a decisão deles de dar um celular para cada professor com plano de internet justamente para que os professores pudessem garantir a qualidade do ensino e também registrar sua presença porque os celulares era todos já configurados pela Uninove, cada professor tinha um celular específico e quando a gente logava no sistema a gente fazia uma presença virtual. Desde o início foi aula on line e ai vivo e desde o início foi com os alunos por meio da plataforma do Google Meeting, eu achei positivo a forma que foi e quando alguns alunos começaram a reclamar de não ter pacotes de internet, até onde eu sei eles conseguiram oferecer chips para alguns alunos.


JC: De que forma você soube que seria desligado do quadro? Houve algum aviso anterior?

AC: Eu soube, na verdade por um colega meu que ligou de manhã perguntando se eu tinha entrado no sistema, mas como não era um dia que eu lecionava eu não entrei, então eu entraria à noite para lanças notas, mas como ele lecionava de manhã ele entrou e se deparou com uma mensagem informando que havia sido desligado. Curiosamente eu entrei e não apareceu nenhuma mensagem, então eu fiquei conversando com ele. Depois eu decidi sair do sistema e entrar de novo e foi quando apareceu a mensagem pra mim e entrei no celular da Uninove e quando entrei apareceu um sms também e foi desta maneira. A gente não teve nenhum contato, nenhuma ligação da coordenação, da diretoria, do RH nem nada. Foi exatamente desta maneira mecânica que aconteceu. Como docente e minha ideia é seguir dando minhas aulas no Centro Paula Souza, na Etec. Essas aulas que eu tinha na Uninove eu vou repor com aulas na Etec aqui da Região que pode ser Barueri, Carapicuíba, e seguir estudando. Além de lecionar nas instituições eu também leciono em cursos abertos, cursos livres na área de comércio exterior, então eu pretendo seguir dessa maneira.



Em nota, a Uninove informa que foi uma medida necessária em resposta à pandemia que atingiu o mundo todo, que os alunos estão renegociando mensalidades e que está mantendo suas obrigações contratuais em dia.

A instituição diz ainda que mantém seu compromisso com a qualidade dos cursos oferecidos aos alunos, agradece aos professores que contribuíram para que isso seja possível, mas não se desculpa ou sequer comenta a forma com que os professores receberam a notícia do desligamento.


Jackson Campos, de São Paulo


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