Não sou a favor do aborto. Não
sou a favor do uso maconha quando não sendo para uso medicinal. Mas sou a favor
da legalização de ambos.Quando digo isso, a primeira
pergunta é: “Você é favor de liberar a maconha?” Eu respondo, então: “Sou a
favor de legalizar, pois liberada ela já está”.
Estou mentindo? Continue
lendo, explicarei porque penso assim.
Não quero que meu filho use
maconha, assim como não gostaria que uma filha minha fizesse um aborto,
contudo, se ele quiser usar a maconha ou se ela decidir fazer um aborto, eu prefiro
que seja com segurança. Quando afirmo que ambos estão liberados é porque ela
conseguirá fazer o aborto, sendo legal ou não, e ele vai conseguir usar a maconha
sem nenhuma dificuldade, a diferença aqui é que, estando ilegal, o risco de
morte em clínicas clandestinas e médicos negligentes é muito mais presente. E
no caso da maconha, a erva sem controle de qualidade e sem tributação abre
espaço para uma cadeia de outras ilegalidades.
No caso maconha é que a sociedade
decidiu reprimi-la, existe muito mais preconceito que fatos sobre ela. Desde
quando ela foi rotulada como “droga” e “ilegal”, ela foi combatida com dureza pela
polícia e mídia. Está bem visível que esta tratativa não foi eficaz, pois a
ilegalidade da maconha alicia crianças e jovens para o mundo do crime, fazendo
com que tanto traficantes como os usuários precisem ir até os morros ou becos
buscar a erva e corram riscos de morte.
Portanto, ao legalizar a maconha,
os usuários poderão consumir a substância em locais controlados, com devida
tributação e segurança. Claro que deve haver uma conscientização para o
consumo, se há ou não há riscos à saúde, mas o ponto não é este, se o cidadão
quiser usar a maconha, ele irá, sendo ilegal ou não. Assim como o aborto, se
uma mulher quiser realizar o procedimento, o fato ser ilegal não irá
desencorajá-la, tanto que existem inúmeros relatos de mulheres mortas na mesa
de cirurgia.
Se por tanto tempo fomos
incompetentes ao tratar o aborto e maconha com maus olhos, não vai adiantar
repetindo o erro, este é o ponto de mudar como países de primeiro mundo estão
fazendo.