Qualquer pessoa que acompanhou com razoável atenção o mercado financeiro nos últimos anos deve ter ouvido falar em criptomoedas. Ou, pelo menos, leu a palavra “Bitcoin” em algum lugar. Da mesma forma, qualquer investidor deve ter pensado ao menos uma vez em colocar seu dinheiro nele ou em outros ativos do tipo. Com o interesse, contudo, vêm também as informações desencontradas e, com elas, os golpes. Como, afinal, investir em criptomoedas sem ser enganado?
Não há resposta fácil. Para saber, é preciso entender o que são esses ativos e como eles funcionam no mercado de investimentos. E, claro, quais são as principais mentiras associadas às criptomoedas. Então vamos por partes.
O que é uma criptomoeda
Os conceitos são difíceis de entender, mas o funcionamento é relativamente simples. Essas moedas são criadas em computadores capazes de resolver problemas matemáticos complexos que verificam a validade das transações incluídas no blockchain. Eles registram as operações e, em troca, são remunerados com novas unidades - o processo é chamado mineração. Uma vez processada, a moeda pode ser negociada como um ativo.
Mais de duas mil criptomoedas surgiram nos últimos anos. As mais famosas e com maior valor de mercado são as que você encontra em notícias sobre economia: Bitcoin, Ethereum, Ripple, Litecoin, Bitcoin Cash, EOS, Binance Coin, Dogecoin, etc.
Criptomoedas são seguras?
Para entender a segurança das criptomoedas é preciso compreender a criptografia. Trata-se de uma camada de proteção que dificulta fraudes de todos os tipos. Em outras palavras, é um modo de embaralhar uma informação para que somente quem tem um código específico (ou chave) consiga decifrá-la. Suas mensagens no WhatsApp funcionam assim, por exemplo.
A criptografia em si não é um problema. Mas o nível de segurança é o mesmo que você tem com outros arquivos e documentos digitais: se não tomar cuidado, pode “apagar” ou perder sua grana na carteira digital. Inclusive quando sua carteira ou corretora tiver seu sistema invadido e for roubada - o que aconteceu em 2019, quando uma das maiores corretoras de criptomoedas do mundo informou que hackers haviam roubado US$ 40,7 milhões em bitcoins.
Em seu site, o Banco Central do Brasil alerta sobre os riscos das criptomoedas. Embora não sejam comuns, a falta de regulamentação das moedas digitais, o ataque de hackers, os erros de servidor e a perda da assinatura virtual são alguns dos riscos enumerados que podem levar investidores a perder dinheiro.
Como investir em criptomoedas
Existem diferentes maneiras - e todas são consideravelmente fáceis. Você pode comprar cotas de fundos de criptomoedas, negociá-las diretamente em uma corretora especializada (também conhecida como exchange), aceitá-las como pagamento em alguma operação financeira ou ainda investir na mineração.
Os fundos são uma boa alternativa para quem entrar no mercado de criptomoedas, mas não se sente seguro para fazer isso sozinho. As exchanges, por outro lado, permitem a mesma liberdade que outras corretoras que negociam ações: abre-se uma conta, transfere-se o dinheiro e pronto, é só operar.
A dica dos especialistas é pesquisar sobre as empresas disponíveis no mercado, conferir as avaliações dos clientes e entender as tarifas cobradas em cada opção. Como qualquer outro, precisa ser tratado com cuidado e preparo. E, principalmente, vale lembrar que investir em criptomoedas é um movimento de alto risco. O valor do ativo varia muito ao longo do tempo, por isso comece devagar.
Quais são os principais golpes no mercado de criptomoedas
Em busca de apostar em criptomoedas, o investidor iniciante pode acabar caindo em alguns esquemas manjados. O principal deles é a pirâmide, caracterizada pelo “lucro” baseado na chegada de novos investidores, e não em movimentações financeiras. Há vários casos registrados envolvendo criptomoedas e day trade.
Em um deles, um serviço que prometia 100% de chance de lucro em cada operação. Outro pedia que o usuário entrasse todos os dias para “minerar” a moeda - mas sem blockchain, apenas convidando contatos para aumentar o ritmo de mineração e ganhando mais moedas por dia.
Em comum, esses esquemas têm a promessa de lucro com moedas que ainda não têm valor, pois não podem ser negociadas em nenhum exchange. A promessa é a mineração no celular, mas sem qualquer perspectiva de venda ou transação. O truque é que usuários que estão minerando podem ter dados pessoais roubados a partir da instalação de apps e, na prática, não há qualquer evidência de que essas moedas vão valer qualquer coisa algum dia.
“Quem entende como é feita a mineração de uma criptomoeda já percebe que não é algo que dá para fazer com o celular”, adverte o educador financeiro Murilo Duarte, conhecido como Favelado Investidor. “Para minerar qualquer criptoativo é preciso de um computador muito bom, não um celular”, completa.
Vale a pena investir em Bitcoin hoje?
Essa é uma pergunta que pode ser respondida com uma olhada no caso do bitcoin, a principal criptomoeda do mundo atualmente. Apenas em 2021, o valor do bitcoin atingiu patamares históricos e chegou a ser negociado a US$ 60 mil em março. Em maio, caiu a menos de US$ 40 mil. E tudo graças a Elon Musk.
No começo do ano, o bilionário anunciou que a montadora passaria a aceitar bitcoins como forma de pagamento por seus veículos, o que fez subir bastante a cotação do ativo. Depois, disse que a Tesla pararia de aceitar bitcoins por conta de supostas preocupações ambientais da empresa. Como consequência, a cotação do bitcoin despencou.
Isso mostra algo que os especialistas sempre alertam: “Qualquer criptomoeda que é realmente negociada e tem valor de mercado tem muita oscilação”, diz Duarte. “Saber disso é bom para abrir a mente e não cair em golpes de pessoas que só querem seu dinheiro”, conclui. Lembre-se disso na hora de investir.
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