sexta-feira, 18 de setembro de 2015
Rival 'moral' do futebol, rúgbi tem Mundial que começa nesta sexta
Os números apresentados pelos organizadores colocam a Copa do Mundo de rúgbi como o terceiro maior evento esportivo do planeta. Perderia apenas para o Mundial de futebol e os Jogos Olímpicos.
De acordo com as informações divulgadas, quatro bilhões de pessoas vão ligar a TV, em algum momento, para acompanhar pelo menos um trecho de partida do torneio que começa nesta sexta (18), na Inglaterra. Publicações britânicas já contestaram este dado. A BBC, por exemplo, afirma que a audiência deverá girar na casa de 1 bilhão de espectadores. O país anfitrião abre a competição às 16 horas (de Brasília) contra Fiji, em Londres.
A final está marcada para 31 de outubro. Os dirigentes do rúgbi ressaltam incansavelmente o crescimento da competição e a popularidade do esporte porque tenta rivalizar com o futebol, de onde a modalidade teve origem. E se não der na popularidade, que seja nos valores morais. "É uma imagem que já não corresponde tanto à realidade, mas que ainda persiste. O rúgbi sempre se orgulhou de ser eticamente superior ao futebol. Foi assim um dia. Hoje, teríamos de analisar com mais cuidado", disse Ian McGeechan à reportagem, ex-jogador da seleção escocesa e que recebeu título de "Sir" em 1990 da rainha Elizabeth pelos serviços prestados ao esporte.
Tradicionalistas gostam de dizer que no rúgbi ninguém simula contusões. Não há reclamações da arbitragem. Os atletas continuam em campo sem se importar com lesões. O capitão dos All Blacks, como é chamada a seleção da Nova Zelândia, Wayne Shelford, levou um pisão nos testículos em jogo contra a França, em 1987. O incidente lhe rasgou o saco escrotal. Ele ordenou que o departamento médico costurasse o ferimento. Cinco minutos depois, voltou a campo. "Isso é um caso extremo. Mas realmente, quem pratica rúgbi tem orgulho de contar casos em que enfrentou a dor para não sair da partida. Isso seria humilhante", completa McGeecham. É código de honra que sinaliza o respeito às regras. Principalmente no Reino Unido é comum que cada vez que um famoso e milionário futebolista é apanhado no meio de alguma polêmica, apareçam comentários em redes sociais dizendo que um jogador de rúgbi jamais faria aquilo. Uma das versões mais aceitas é que o esporte surgiu em 1823, quando o estudante William Webb Ellis pegou a bola com as mãos no meio de uma partida de futebol e começou a correr.
O rúgbi, que se orgulha do respeito às leis, surgiu de uma contravenção às normas de outra modalidade. Foram vendidos 2,2 milhões de ingressos de acordo com a organização, recorde para a Copa. Seria a quarta maior bilheteria da história de competição de apenas um esporte (não entram na conta os Jogos Olímpicos). Perde para os Mundiais de futebol de 2002, 2006, 2010 e 2014. No ano passado, a Fifa divulgou a comercialização de 3,4 milhões de bilhetes para o evento no Brasil.
O torneio que começa hoje será disputada por 20 seleções e a América do Sul será representada por Argentina e Uruguai. "A seleção pode dar às pessoas um senso de orgulho que a seleção de futebol não consegue há muito tempo. Ainda mais atuando em casa, a Inglaterra tem a obrigação de fazer uma grande campanha", afirma o inglês Jonny Wilkinson, herói do título mundial conquistado pelo país em 2003 e recordista de pontos na Copa (277).
O desafio será superar a Nova Zelândia, atual campeã e eterna favorita. Na chegada do elenco à Inglaterra, a delegação dançou o Haka, coreografia de guerra encenada antes de cada partida. Transformou-se em uma das marcas principais da equipe. A imagem da guerra está associada ao rúgbi, esporte em que o objetivo maior é levar a bola a todo custo até a linha final adversária, sem poder lançá-la para frente. Quando estourou a primeira Guerra Mundial, os jogadores das escolas britânicas foram os primeiros a se alistar. Quase todos morreram nos campos da batalha. "É outra filosofia [em relação ao futebol]. Se eu apitasse uma partida de futebol, cada equipe ficaria com cinco jogadores antes do intervalo", afirma o árbitro galês Nigel Owens, um dos 12 escolhidos para a Copa do Mundo que inicia nesta sexta.
Fonte: https://www.bemparana.com.br/noticia/406274/rival-moral-do-futebol-rugbi-tem-mundial-que-comeca-nesta-sexta
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