quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
Antártida terá 1ª plataforma para medir buraco de ozônio
A primeira plataforma para medir a camada de ozônio foi instalada no território antártico chileno com o objetivo de observar os efeitos do "buraco de ozônio" na mudança climática polar, informaram nesta quarta-feira fontes especialistas.
Este projeto pioneiro registrará por dez anos a evolução da coluna total de ozônio e sua influência no clima, por ser um gás de efeito estufa.
"O buraco de ozônio é um processo de destruição deste gás que ocorre entre setembro e dezembro de cada ano, favorecido pelas baixas temperaturas da estratosfera antártica nesse período", afirmou o doutor Raúl Cordero, acadêmico da Universidade de Santiago e principal pesquisador a cargo do projeto.
Cordero acrescentou que "quando as temperaturas sobem no final da primavera, cessa a destruição em massa de ozônio, o que faz com que o ozônio de outras latitudes feche o buraco".
O principal módulo da máquina de medições atmosféricas foi levado até a baía Fildes, na Ilha do Rei George, a maior das ilhas Shetland do sul da Antártida, pela embarcação da Marinha chilena Aquiles.
Cordero trabalha há um ano junto com sua equipe de seis pesquisadores no assentamento da plataforma, que já está perto de sua fase final e consiste na eletrificação da estrutura metálica de oito toneladas com uma superfície útil de 50 metros quadrados.
As medições do aparelho terão um impacto na comunidade científica dedicada à compreensão dos efeitos da mudança climática na Antártida.
A equipe poderá, além disso, recopilar, de maneira contínua e remota, outros dados climatológicos de importantes para gases atmosféricos e aerossóis.
Uma campanha científica realizada em dezembro de 2015 concluiu que "o buraco na camada de ozônio na Antártida alcançou um tamanho recorde, ao registrar 10 milhões de quilômetros quadrados no último mês do ano, mais do que o dobro da média para esta data".
Os pesquisadores calcularam a dimensão do buraco utilizando os valores registrados por satélites durante as ultimas três décadas, onde foi estabelecido que no ano passado alcançou em outubro os 28 milhões de quilômetros quadrados, o quarto mais extenso desde que existem dados especializados.
"O esgotamento e a destruição da camada de ozônio se manifesta mais claramente em latitudes altas (particularmente na Antártida)", manifestou Cordero, que acrescentou que "uma melhor compreensão da inter-relação entre mudança climática e buraco de ozônio é necessária, é o objetivo de nosso trabalho".
Em fevereiro de 2006, o então presidente chileno Ricardo Lagos sancionou a lei de Proteção à Camada de Ozônio, com a qual o país se comprometeu a cumprir com o ordenamento internacional sobre a matéria.
A iniciativa legal obriga o Chile a reduzir progressivamente o consumo de CFC e brometo de metilo, usados nos processos de refrigeração, aerossóis e na agroindústria e que são os principais causadores da destruição da camada de ozônio e extensão do buraco.
Fonte: Exame
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