segunda-feira, 7 de março de 2016
Sem este gene, você seria uma gosma
A vida na Terra surgiu há uns 4 bilhões de anos. Por mais de 3 bilhões, essa vida era invisível, limitada a seres unicelulares.
Alguém que nos visitasse acharia estar num planeta vazio, pelo menos até olhar no microscópio.
Então tudo mudou. Surgiram plantas e bichos, primeiro meros filtradores, como as esponjas, depois seres grandes, ágeis e complexos, numa diversificação psicodélica de formas, a Explosão do Cambriano, há 500 milhões de anos.
O que teria sido o gatilho dessa revolução. Segundo um estudo da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), foi um gene.
Todos os organismos complexos modernos, como animais, plantas e fungos, possuem genes em versões modificadas dele.
A versão original foi perdida na evolução, mas seu segredo foi permitir a produção das enzimas chamadas proteínas quinases.
Elas atuam como um sistema de comunicação dentro da célula, alterando outras proteínas, ligando e desligando genes, dando ordens para a célula se divida e coordenando o trabalho das organelas, as estruturas internas que não existem em bactérias e outras células mais primitivas.
Talvez o mais importante é que elas também permitem que uma célula se comunique com a outra.
Músculos, neurônios e o próprio surgimento de um organismo com qualquer forma definida seriam impossíveis sem elas.
O máximo que poderia existir seriam colônias de células ou, como os próprios cientistas definiram, uma "meleca", como aquela com que a titia faz iogurte caseiro.
"Se as duplicações e subsequentes mutações desse gene durante a evolução não ocorressem, a vida seria completamente diferente", afirma o neurologista Stevel Pelech, um dos condutores do estudo.
"A forma mais avançada de vida em nosso planeta provavelmente ainda seria uma gosma bacteriana".
O ser humano tem 500 genes relacionados às proteínas quinases. Quando eles falham, causam sérios problemas. Por exemplo, os cânceres surgem quando as células não entendem o recado para pararem de se multiplicar. A diabetes também nasce de um erro de comunicação.
A mutação aponta para o ancestral comum entre todos os eucariontes modernos.
Não só as já citadas plantas, animais e fungos, mas também protozoários e algas unicelulares, seres com células muito mais complexas que as das bactérias primitivas.
A mutação teria acontecido há mais ou menos um bilhão de anos.
"Nossa nova pesquisa indica que o gene provavelmente se originou em bactérias para facilitar a síntese de proteínas e então sofreu mutações para adquirir funções completamente novas", afirma Pelech.
Ele acredita que a descoberta pode criar todo um novo método de determinar a árvore da vida.
Fonte: Exame
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