O saldo comercial mais baixo desde 2015 para o mês de março e para o primeiro trimestre do ano poderia ser sinal de dificuldades no comércio exterior, setor que vem apresentando comportamento notável, mesmo nos momentos mais graves das crises pelos quais o País tem passado. Há vários elementos, porém, que sustentam as projeções do governo de que, até o fim de 2021, o saldo comercial terá completado uma recuperação exuberante, para alcançar o valor recorde de US$ 89,4 bilhões, 75% maior do que o de 2020.
Tomados sem levar em conta os cenários que se desenham para a economia mundial e, em parte, também para a brasileira, os números divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia recomendariam cautela ou mesmo pessimismo. O saldo de US$ 1,482 bilhão em março é o menor para o mês desde 2015. Também o superávit do primeiro trimestre, de US$ 1,648 bilhão, é o mais baixo do período.
No mês passado, as importações cresceram mais do que as exportações, daí o encolhimento do superávit comercial na comparação com março de 2020. As importações vêm crescendo desde o fim do ano passado e, em 2021, foram mais estimuladas pela recuperação da atividade econômica. Já surgem, porém, sinais cada vez mais claros de que a recuperação está perdendo fôlego.
As estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior mostram uma evolução expressiva. A corrente de comércio – medida da integração da economia brasileira à mundial e resultado da soma de exportações e importações – no primeiro trimestre totalizou US$ 109,6 bilhões, 19% maior do que o de igual período de 2021.
As perspectivas da economia mundial são muito favoráveis para as exportações brasileiras. Há uma nova e expressiva alta no mercado internacional de alguns dos principais itens da pauta de exportações do País. Algumas das economias que mais demandam produtos brasileiros devem crescer em ritmo intenso. A da China deve liderar a expansão das principais economias do mundo neste ano. A dos Estados Unidos poderá ser fortemente estimulada pelo pacote anunciado pelo presidente Joe Biden.
Como o de outros segmentos, o
desempenho da balança comercial está condicionado à evolução da
vacinação aqui e no exterior e à capacidade dos governos de conter a
expansão das novas variantes do coronavírus.
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