Geração Empreendedora
Alessandra Bacci
A pandemia do novo coronavírus acelerou não somente o processo de
transformação digital, como desencadeou uma necessidade de
autoconhecimento e autodesenvolvimento dos profissionais em todos os
níveis da organização. Como em toda crise severa, a adjeção desses
fatores resultou em uma janela de oportunidades para que se conquiste a
valorização equitativa dos papéis da tecnologia e das pessoas na
evolução da empresa.
O momento é de convergência e todos na organização já compreenderam
que as pessoas terão papel central nesse processo de transformação
tecnológica. Nesse sentido, as inovações digitais já não provocam a
mesma resistência de antes por parte dos colaborares e não se limitam
somente aos ganhos de eficiência e produtividade.
O que vivenciávamos até então era um desalinho entre as inovações
de sistemas e a evolução dos recursos humanos da empresa, em que os
profissionais, mesmo conscientes da necessidade de rápida adaptação para
sobreviverem no novo mercado, não conseguiam reagir no mesmo compasso
das transformações digitais, tampouco aproveitar todas suas
potencialidades.
A pandemia e os reflexos do distanciamento social, que vão desde o
aumento do uso da tecnologia básica em nosso dia a dia aos desafios de
se manter a produtividade no home office "forçado", definitivamente
acelerou o futuro. Por isso, é inevitável intensificar a transformação
comportamental dos colaboradores, processo que deve ser fomentado pela
empresa por meio de capacitação, avaliações e engajamento da liderança.
Em seu livro Futuro S/A, André Souza, CEO da empresa homônima,
realiza um compilado de conteúdos referentes à transformação cultural
das organizações. Uma de suas frases representa com fidelidade a
importância de se discutir o papel das pessoas ante a digitalização em
massa que tende a continuar nos próximos anos. "O humano vai mostrar que
o humano precisa ser humano. E que o robô será robô." Por mais
despretensioso que possa parecer, esse trecho reforça que não se trata
de substituir o trabalho humano e ofuscar seu protagonismo, mas de
atribuir uma abordagem plenamente estratégica para que os profissionais
sejam valorizados.
A insistência em sistemas manuais reduz a participação humana a
tarefas repetitivas que beiram a exaustão, comprometendo oportunidades
de destaque para o indivíduo. Por isso, pensar na utilização da
tecnologia de forma humana deve ser uma medida imediata para empresas
interessadas em absorver o potencial por trás da transformação digital,
sem desconsiderar as consequências positivas dessa movimentação à
realidade de trabalho compartilhada internamente.
Em outros tempos, planilhas e modelos manuais foram importantes
para o nosso segmento, mas a aceleração da tecnologia, entre movimentos
governamentais e a obtenção de resultados animadores, aponta para a
urgência de se inserir o profissional de Comex em um ambiente digital,
tanto no aspecto técnico como no intelectivo.
Atualmente, uma gestão que lide com a complexidade do Comércio
Exterior não pode simplesmente ignorar o sucesso para o planejamento
estratégico identificado nessa coexistência entre ser humano e máquina.
Com essa mudança no mindset da operação e a automatização de processos, o
potencial de cada um dos profissionais será evidenciado.
Não por acaso, aquela resistência à transformação digital tem
deixado a pauta das pessoas, que estão conscientes quanto à naturalidade
do tema. O Comércio Exterior é um exemplo concreto e capaz de
dimensionar o real impacto da tecnologia sobre a gestão de uma empresa. O
objetivo é potencializar o tempo e o talento humano, utilizando os
sistemas para resolverem problemas complexos de forma simples e
eficiente. Dessa forma, soluções inovadoras são grandes aliadas, não
obstáculos.
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