O Brasil registrou recordes para o mês nos números de exportações, superávit e corrente de comércio em maio. As importações – mesmo sem superar marcas históricas para o mês – também registraram alta expressiva. Os resultados refletem, em parte, a recuperação da economia nacional e dos principais parceiros comerciais do Brasil, na avaliação da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia (ME), que divulgou os dados nesta segunda-feira (01/06).
Valores - A exportação no mês de maio foi de US$ 26,9 bilhões, valor recorde para o mês, com crescimento de 46,5% em relação a maio do ano passado. O último recorde foi registrado em maio de 2012, com US$ 23,1 bilhões. A importação também teve crescimento significativo, atingindo US$ 17,7 bilhões, com alta de 57,4%, mas ainda sem alcançar a máxima histórica de US$ 21 bilhões, em maio de 2013.
Saldo comercial - Dessa forma, o saldo comercial também bateu recorde para meses de maio, com US$ 9,3 bilhões, subindo 29,4% e superando a máxima anterior, de US$ 6,8 bilhões em maio do ano passado. Com esses valores, a corrente de comércio – soma das exportações e importações – foi recorde no mês, subindo 50,6% e chegando a US$ 44,6 bilhões, superando o máximo anterior, também de 2012, com US$ 43,6 bilhões.
Aumento - O total exportado apresenta aumento de 38,5% nos preços. “Essa tem sido a tônica do ano. Temos um crescimento das vendas externas, motivado tanto pelo aumento dos volumes quanto pelos preços, mas, principalmente pelo aquecimento dos preços internacionais dos produtos vendidos pelo Brasil”, observou o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão.
Categorias - Ele explicou que o crescimento da exportação no mês foi impulsionado por um forte aumento de vendas externas das três categorias de produtos – Agropecuária (+43%), Indústria Extrativa (+85,8%) e Indústria de Transformação (+34,6%) – em relação a maio do ano passado.
Indústria de Transformação - Foram destaque as quantidades exportadas pela Indústria de Transformação, com alta de 15%. “Temos um resultado bastante positivo, com aumento do volume e recuperação dessa categoria de produtos exortados”, comentou.
Impulso - Por outro lado, o que mais impulsionou os valores exportados foram os preços da Indústria Extrativa, que subiram 119,5% no mês. Já os preços da Agropecuária tiveram aumento de 31,4%, e os da Indústria de Transformação, 19,1%.
Descolamento - Nas exportações, segundo Brandão, o que se observa é o descolamento da curva da média diária exportada. O país superou US$ 1,3 bilhão de média diária no mês de abril e, em maio, ficou próximo desse valor, com US$ 1,28 bilhão. “Deu uma arrefecida em relação ao resultado de abril, que foi o pico, mas continuamos em um nível muito alto em comparação aos quatro anos anteriores, descolando e batendo recordes sucessivos na exportação de bens”, salientou.
Importações ascendentes - A Secex também registrou uma curva ascendente nas importações nos últimos três meses, considerando níveis mais baixos no ano passado, devido aos efeitos da pandemia. Houve crescimento em todas as categorias de bens, principalmente na Indústria de Transformação – que representa 90% das compras externas do país e teve aumento de 56,5%.
Bens intermediários - Segundo Brandão, os bens intermediários têm puxado o crescimento das importações no acumulado do ano, enquanto entre os bens de capital ainda há um recuo no acumulado, mas com forte crescimento em maio. “É uma sinalização positiva de retomada de investimento”, frisou.
Alta - Nas importações de janeiro a maio, destacam-se os bens intermediários, com alta de 31,5%. O aumento é puxado por itens como insumos eletroeletrônicos, produtos químicos e insumos para medicamentos. “Isso é um indicador do aumento da produção interna”, reforçou o subsecretário.
Recuperação argentina - Em maio, a Secex constatou o aumento de exportações para todos os principais destinos, com destaque para a Argentina, que apresentou crescimento de 172%. “Em maio de 2020, a exportação para a Argentina foi de US$ 448 milhões e, em maio deste ano, está em US$ 1,28 bilhão. Cresceu três vezes”, informou o subsecretário.
Estados Unidos - Outro destaque entre os destinos foram as vendas para os Estados Unidos, com aumento de 67% em maio, para a China (+33,1%), e para a União Europeia (+21,1%).
Crescimento - Do lado das importações, houve crescimento em todas as origens e, mais uma vez, a Argentina se sobressaiu, com aumento de 92,9%, considerando um nível baixo, de US$ 440 milhões no ano passado, para US$ 810 milhões em maio de 2021. Da China, as compras subiram 43%; dos Estados Unidos, 48,5%; e da União Europeia, 37,2%.
Previsões - A Secex espera uma recuperação da economia global neste ano, com melhora do PIB dos principais parceiros do Brasil, como China, Estados Unidos e Argentina. No cenário interno, Brandão vê a economia se ajustando, com aumento do consumo de bens em detrimento de serviços.
Serviços - A partir do avanço da imunização, ele acredita que o setor de serviços deve se aquecer, mas o que se nota agora é um consumo maior de bens, e isso se reflete nesse aumento da demanda por bens importados. “A importação é um antecedente. Primeiro se importa os insumos, se produz, depois se consome esses bens finais. Isso sinaliza uma melhora para os próximos meses”, previu.
Superávit - Como a importação tem tido um desempenho acima do esperado, Brandão considera possível que a Secex reduza as previsões de superávit para o ano, ao final do segundo trimestre. “A revisão trimestral deve capturar os últimos desdobramentos e, como a importação está se aquecendo, é possível que o resultado do superávit para o ano diminua”, antecipou o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão. (Ministério da Economia).
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