Empresa de Guilherme Freire e Marcelo Loureiro, que participaram de startup de patinetes elétricos, quer criar soluções tecnológicas, financeiras e de gestão para lojas do interior e da periferia.
Para muitos pequenos comerciantes, fechar as portas e se adaptar à internet durante o início do período de isolamento social foi um grande desafio. Afinal, era preciso lidar com logística, estoque, sistema de pagamentos e diversas outras questões complicadas para quem passou anos cuidando da loja direto de um caderninho. É esse tipo de problema que a startup paulistana Dolado, fundada durante a quarentena, pretende resolver: com foco em comércio de bairro e em cidades do interior, a empresa quer ajudar as lojas a se digitalizarem e ganharem eficiência.
A ideia chamou a atenção de investidores: nesta quarta-feira, 9, a empresa anuncia que levantou um aporte de US$ 2,2 milhões liderado pelo fundo Valor Capital Group. A rodada contou ainda com a participação dos fundos GFC e Norte Capital, bem como de investidores anjo de empresas como iFood, Stone e Olist. O time por trás da empresa também merece atenção: dois dos cofundadores são Guilherme Freire e Marcelo Loureiro, que participaram da startup de micromobilidade Grow. O primeiro também é cofundador da grife de óculos Livo; o segundo, empreendeu na Califórnia com o Spinlister. O terceiro sócio, por sua vez, é do ramo de comércio: Khalil Yassine faz parte da família que controla a rede de varejo VestCasa.
"Somos uma plataforma de tecnologia para ajudar comerciantes e prestadores de serviço a deixar o caderninho de lado", explica Freire, presidente executivo da startup. Hoje, o sistema da empresa ajuda o cliente a colocar no ar uma loja virtual, com lista de produtos e até mesmo um sistema de pagamentos e entrega - no caso do comércio, a área de cobertura é restrita a um raio de 2 quilômetros. "Nossa ideia é que o comerciante possa usar a própria equipe pra fazer entrega, sem ter que ceder sua margem, como acontece em aplicativos usados em áreas mais centrais", diz.
"Nosso foco é um público diferente, é o pequeno, que normalmente é um cara desconfiado e pouco afeito à tecnologia", afirma o empreendedor. Para os consumidores, é possível tanto usar o app da startup para usuários finais quanto receber links do lojista ou prestador de serviço (manicure, cabeleireiro, chaveiro, personal trainer) via WhatsApp.
Com os recursos do aporte, além de estabilizar a versão do sistema de vendas da empresa para os comerciantes, a Dolado também pretende iniciar a construção de novas verticais - como plataformas de gestão e de finanças. No futuro, a startup pretende também oferecer serviços como crédito para seus clientes. A rodada de investimentos também vai ajudar a novata a expandir seu time, hoje em 46 pessoas - Freire não cita números em específico, mas afirma que a empresa tem vagas abertas.
Testes em quatro regiões diferentes
Neste momento, a Dolado já tem uma rede de 3 mil lojistas em quatro regiões-piloto espalhadas pelo Brasil: o bairro de Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital paulista; Cubatão (SP); Campos dos Goytacazes (RJ) e Cachoeiro do Itapemirim (ES).
"A ideia é testar a nossa tecnologia. Inicialmente, com o sistema de vendas, resolvemos testar em quatro tipos de áreas: uma de periferia, uma cidade satélite, uma cidade do interior de grande porte e uma cidade pequena, respectivamente. Se der certo numa periferia, pode dar em outras", diz Freire, que prevê para 2021 o lançamento de uma versão definitiva do sistema da startup.
Por enquanto, a ferramenta é oferecida de forma gratuita aos comerciantes - hoje, a Dolado fatura indicando parceiros comerciais para seus clientes, como empresas de pagamentos ou antecipação de recebíveis. "No futuro, talvez, a gente pode vir a cobrar, mas não é essa a ideia no momento".
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